Conferência dos Oceanos – AI Navais – Projeto jUMP

A AI Navais foi convidada da Wavec a participar no dia 1 de julho no evento, integrado no One Sustainable Ocean,  Discussing a quieter future for today’s Oceans organizado no âmbito do projeto jUMP.

O painel, moderado pela Dra. Clara Amorim (FCUL) contou com a participação de Mário Pinho em representação da AI Navais, Mário Silva representante da Portline Bulk International e Maria Manuel Cruz em representação do Porto de Aveiro.

O som viaja muito mais rápido e mais longe na água do que no ar. Assim, os organismos marinhos evoluíram para assumir aspetos-chave de sua vida através da produção e receção de som. No entanto, o ruído gerado pelas atividades humanas, nomeadamente o transporte marítimo, está a aumentar, ameaçando esses comportamentos, perturbando os padrões fisiológicos e deteriorando a saúde dos oceanos.

O projeto jUMP visa desenvolver ferramentas que suportem a aplicação da Diretiva-Quadro Estratégia Marinha na avaliação do Bom Estado Ambiental do meio marinho, com foco no Descritor 11 para ruído subaquático. Para conseguir isso, o jUMP implementará ações de trampolim para avaliar o impacto do ruído subaquático no ambiente marinho, ao mesmo tempo em que aumenta a conscientização e promove discussões sobre os impactos do ruído subaquático.

O evento começou com o visionamento parcial do impactante vídeo ‘’Sonic Sea’’ que nos mostra como o ruido subaquático tem vindo a duplicar a cada 10 anos afetando todas as espécies marinhas. De seguida foi pedido ao painel que desse a sua perspetiva sobre este tema e dessem a conhecer aos participantes o que tem vindo a ser feito.

O representante da Portine partilhou com a audiência que existe atualmente preocupações por parte dos armadores. A atividade de transporte marítimo tem mudado muito nos últimos anos e a IMO tem vindo a trabalhar na última década sobre estes assuntos. O grande objetivo do armador é ter um navio o mais eficiente possível incluindo a nível ambiental. No entanto a grande competitividade que existe no mercado impede que o armador muitas vezes aposte em soluções que embora sejam melhor ambientalmente, significam investimentos de ordem financeira superiores, ou mais docagens ou de maior duração, etc. Sem regulamentação que assim o obrigue, a boa vontade de alguns armadores não irá prevalecer neste ambiente competitivo que se vive no sector do transporte marítimo.

À AI Navais foi colocada a questão se estamos atrás de outros países no que diz respeito ao ruido subaquático. A resposta foi claramente não, estamos todos no mesmo ponto e assim vamos continuar durante algum tempo. Os armadores enfrentam grandes desafios atualmente no sentido de tornar os seus navios mais eficientes e carbonicamente neutros. As boas noticias é que algumas das soluções que melhoram a eficiência energética do navio têm muitas vezes como efeito secundário a diminuição do ruido subaquático. Existem atualmente algumas alterações que podem ser feitas e que contribuem para esse efeito por exemplo alterações na hélice ou mesmo no esquema de pintura.

A descarbonização afeta também as operações portuárias, com a necessidade de fornecimento de energia aos navios, o que se traduzirá também na redução do ruido subaquático. Também a ferramenta de gestão portuária, JUL permite a gestão dos tempos de chegada ao porto o que poderá ter como efeito colateral a melhoria do ruido nas imediações das infraestruturas portuárias.

A opinião dos intervenientes é unanime, apesar das preocupações ambientais serem uma realidade atualmente, o ruido subaquático não se encontra no topo das prioridades dos governantes, o que faz com que não se preveja brevemente a regulamentação que obrigue aos armadores a adotarem medidas que promovam a redução do ruido. No entanto, as alterações que vão acontecer nos navios, decorrentes das obrigações legais associadas à descarbonização do transporte marítimo, vão ter como efeito secundário a redução do ruido.

Mais informações sobre o projeto em: http://jumpproject.pt/